Segundo a associação do setor, o Alojamento Local (AL) em Lisboa teve quebras de faturação entre 55% e 60% em 2021, e entre 75% e 80% em 2020. «Lisboa, junto com o Porto, foi dos destinos mais afetados com a crise», pode ler-se no documento, citado pela Lusa.
Segundo a mesma fonte, os deputados municipais estão a apreciar uma proposta aprovada pela oposição no executivo da câmara que prevê a suspensão imediata de novos alojamentos locais em toda a cidade, enquanto decorrer a revisão do regulamento municipal do AL.
De acordo com o documento da associação, dos 19.651 alojamentos locais em Lisboa inscritos no Registo Nacional de Alojamento Local, mais de «3.500 não estão ativos», uma vez que, durante a pandemia, cerca de 2.000 deixaram de ser anunciados nas plataformas e 1.500 “registos fantasma” foram criados na sequência dos anúncios de suspensão de novas autorizações.
Segundo a associação, em 2020, o número de novos registos de AL desceu pela primeira vez e o mesmo teria acontecido em 2021 se não tivesse sido anunciada a intenção de suspender novas licenças em toda a cidade, por parte do PS, durante a campanha das eleições autárquicas, o que terá provocado os referidos "registos fantasma". Esta situação volta a repetir-se este ano, com o anúncio e «a proposta efetiva» de suspensão de novos registos aprovada pelo executivo da câmara de Lisboa, refere a Lusa.
«É preciso repensar este tipo de política, que além de trazer algumas injustiças, como o agravamento fiscal e intransmissibilidade, geram um comportamento irracional no mercado e que tem o efeito justamente contrário ao proposto pelas medidas», lê-se no mesmo documento.
Segundo a ALEP, em 2020 e 2021 houve «um número similar» de novos registos e cancelamentos, o que se traduziu num «crescimento quase nulo» e numa «renovação saudável, já que foram substituídos registos nas zonas históricas, com maior concentração, por novos registos em zonas fora das áreas turísticas», respondendo a novos segmentos de mercado que até à pandemia não encontravam resposta para as suas necessidades, refere a Lusa. Em causa estão alojamentos para arrendamento de média duração, entre um a nove meses, destinados, nomeadamente, a estudantes, familiares e doentes em tratamento em hospitais, pessoas com casas em obras ou nómadas digitais, refere a mesma fonte.
Para a ALEP «o AL não está limitado apenas aos turistas», salientando que o registo de novos alojamentos fora das zonas de contenção «foi inexpressivo», sobretudo quando comparado com os milhares de casas vazias nos mesmos bairros, que não são usadas para habitação permanente. A única exceção foi a freguesia da Estrela, onde nos últimos dois anos surgiram mais 115 alojamentos locais. «A possível suspensão destas áreas não turísticas vai afetar justamente a oferta destes segmentos necessários à cidade e que antes não encontravam solução de alojamento temporário», lê-se no documento entregue na AML, citado pela Lusa.
Segundo os dados avançados pela ALEP, existem 7.500 titulares de AL em Lisboa, dos quais 5.000 são particulares e 2.500 são empresas. Destas, 40% têm apenas uma propriedade e 68% têm até três. Pelo que, defende a associação, é «um mito» que o AL em Lisboa esteja dominado por grandes fundos e empresas, já que «o setor continua a ser composto essencialmente por particulares e micro empreendedores».
Em janeiro deste ano estavam registados, a nível nacional, 99.158 alojamentos locais e o setor representa cerca de 40% das dormidas do turismo no país, 50% em Lisboa e 60% no Porto. Segundo a associação, só 28% das propriedades ficam em Lisboa e no Porto, estando 72% «fora dos grandes centros», associadas a destinos do interior, de surf e natureza.
Fonte: Lusa